
Poema lacônico
Disseram
que o meu poema
É lacônico
Lacônico como assim?
E o que ele tem
por trás
De corpo
Conteúdo
E substância?
E o que traz para dar
E te dou
Não conta?
Não conta a palavra
que em teu ouvido
se multiplica
em pensamento?
Não conta a sílaba
Que bem soada
Te diz profundamente
De uma estrada?
Dizem que é lacônico
O meu poema
Por ser breve
Nossa vida por acaso
É lacônica
Por efêmera?
Ou o que conta
É quanta vida
É vivida
Em cada instante?
Receia o breve?
E quanto vale
tanta vida
Em tantos anos
Mal vivida?
Quero te dar um mínimo de palavras
Quero te dar a gota
de meia palavra
Tome aqui
Leva
Infiltra
A palavra espiã
Em uma mente desprovida
De todo afã
Alimenta o cérebro
Que impotente
Não tem mistério
Que tranquilo
Não se excita
E que mendigo
Não se alimenta.
Alimenta o cérebro.