Haverá
vão estranhar
o meu silêncio
é protesto
mas não sabem
e detesto
forjar
o grito
feito quem reza
em aflição
sou dos estranhos
navego em águas
sentimentais
e minha voz
que não sai
não é silêncio
abstraído
não se engane
nem julgai
esquecestes meu olho
minhas linhas
neste rosto?
esquecestes minha têmpora
o encolhimento
desta ruga?
desmereceu a expressão
congelada
na face?
não percebeu o grito
calado
de horror?
há quem urre
há quem chore
em desertos astrais
há quem na cara
estampe a raiva
toda a garra
temporais
sou das tréguas
só para o bem
só para o além
de agora
sou trégua
para a humanidade
futuramente
delineada
sou água
pedra
e planta
a esperar
esse dia
humanidade
essa glória
há de haver
haverá